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Duas Caixas de Dinamite, de Júlio Alves

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Duas Caixas de Dinamite, de Júlio Alves Julio Alves. Foto: Divulgação
Compartilhamos aqui em primeira mão o prefácio do novo livro de Júlio Alves, assinado por Jorge Rein. Poemas para cutucar os muros, por Jorge Rein   combinamos de comandar a galáxia… Prefácio talvez seja um termo demasiado solene para abordar esta obra, artefato explosivo que ameaça as fronteiras do lírico e do lúdico, do mordaz, do indecente. Ninguém permanece imaculado ou ileso após atravessar os desafios propostos na  poesia de Júlio Alves. Daí a minha tentativa de me valer, para a composição desta introdução, de uma similar irreverência. Daí também essa minha opção pela fragmentação da vidraça atingida pela pedra, da esquírola encravada no peito ou na consciência. E estamos combinados, Júlio e eu..   💣 ☠ ☺ 😐 ☹ 💣   levei umas dores / para passear pelas ruas Cruzei com o poeta pela primeira vez nos tempos em que ele, ao comando do seu versimóvel, desviava com maestria das crateras das ruas da cidade lunar de Porto Alegre. No seu colo, a caderneta de registrar implacáveis sentenças de condena social.  quem carrega / um bloco / e uma / caneta / pouco tem a dizer / contudo / anota / cada  / silêncio A caneta como arma ou ferramenta. Na etílica penumbra dos saraus eu temia que a aguda percepção de lúcido quixote atingisse os moinhos daqueles que fingíamos poetar. De alguma forma seus versos soavam mais autênticos ou menos preocupados em agradar confrades e merecer um like. Medo injustificado, que  nunca conheci um ser  tão amigável. Mais importante ainda: somos irmãos na ironia e na acidez do humor. A partir daquele encontro inaugural, passei a persegui-lo por caminhos e descaminhos, nos livros e nos versos avulsos disseminados pelas redes sociais, prática que recomendo sem reservas.  amanhã vou passear / por outras rotas   💣 ☠ ☺ 😐 ☹ 💣   Convenhamos que esta livro apresenta um iminente risco de explosão, do título à anedota que o inspirou e que o autor revela em uma das orelhas. É um quase ‘vai ser gauche’ drummondiano. E lá se foi o Júlio ser poeta explosivo, riscando e arriscando nas apostas do verbo, onde mora o perigo e suas compensações. Trago dinamites no pensamento / fósforos na fala / por isso tanto calo Mas nem toda explosão é estardalhaço, porque existem também esses sismos mais íntimos, pousos da indiscrição, que por vezes provocam um ligeiro tremor ou um sorriso de cumplicidade no leitor. Não menos perigosos que os estouros violentos, diga-se de passagem. tua língua entra em mim como adaga   💣 ☠ ☺ 😐 ☹ 💣   Há um texto em que Cortázar advoga em causa própria, um elogio aos júlios e suas contribuições ao fazer literário. Se aplica neste caso, porque o Júlio que nos ocupa agora certamente é da estirpe dos cronópios, daqueles indivíduos que, apelando ao giz de cera, desenham andorinhas nos cascos das tartarugas, tão imprescindíveis na sua função quanto os homens que lutam no poema de Brecht.  minha rebeldia é tão ingênua / ainda pede […]

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