Governo altera cotas de alerta e inundação do Guaíba
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Após reunião com o Serviço Geológico Brasileiro e pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, o governo do estado comunicou alteração nos referenciais de alerta e inundação utilizados neste momento de enchente em Porto Alegre. Até o restabelecimento da régua original no Guaíba, os parâmetros serão 3,15m para a cota de alerta e 3,60m para inundação – até então, os índices eram 2,55m e 3m, respectivamente.
Os níveis anteriores não estavam errados. A questão é que eles se referem à régua que ficava no Cais Mauá e que foi destruída ainda no início da enchente, em 2 de maio. A modificação anunciada agora se dá por conta do desnivelamento notado entre a régua original e a emergencial, instalada na Usina do Gasômetro e que está sendo usada pelos governos estadual e municipal desde o dia 3 na divulgação das medições do Guaíba. Apesar disso, a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), responsável pelas medições, seguia usando, até esta terça-feira, as referências antigas.
Em nota emitida hoje, quase um mês após o início das enchentes, a pasta admitiu que a comunicação dos dados falhou. “Não foi possível deixar claro em todos os meios de divulgação do nível do Guaíba, que devido a características hidrodinâmicas, num mesmo instante de tempo o valor de nível registrado no Cais Mauá C6 (ou no Cais Central) não é o mesmo valor de nível registrado da Usina do Gasômetro”, diz o comunicado.
Mudança abre possibilidade de alteração no pico da enchente
A alteração pode colocar em xeque a medição utilizada como pico desta cheia, de 5,35m, no dia 5 de maio. O dado será confirmado posteriormente, por meio de pesquisas, segundo o pesquisador do IPH Fernando Dornelles. Conforme ele, marcas em sedimentos nas paredes serão utilizadas na investigação para determinar o pico.
Apesar da incerteza quanto aos dados, algumas definições seguem intocadas. “Podemos afirmar que a enchente foi maior que a de 1941”, asseverou o também integrante do IPH Rodrigo Paiva. Conforme ele, é certo que o pico da enchente passou dos 5 metros. O professor explicou à Matinal que tem se referido à máxima da enchente como “em torno de 5,35m”.
Paiva reconhece que há uma pequena diferença entre o pico registrado pela régua do Gasômetro e a que será aferida no Cais Mauá. Entretanto, abre a possibilidade de que o pico tenha inclusive superado os 5,35m, algo que a MetSul acredita não ter acontecido. A empresa de meteorologia tem utilizado a régua da empresa TideSat desde a nota do IPH, na semana passada, a respeito do desnível do Guaíba, que causa a diferença nas medições entre Gasômetro e Cais. Neste medidor, a cheia não passou dos 5,15m em seu auge.
Segundo a assessoria da Secretaria Estadual de Meio Ambiente – responsável pela instalação das réguas –, neste momento, a pasta não altera o pico de 5,35m. Mas informou, sem mais detalhes, que, no futuro, serão feitas aferições em todas as medições e pode ser que a marca seja revista.
Governo irá sugerir que nova régua seja mantida
Na nota sobre a alteração das cotas de alerta e enchente, a Sema informa que irá requisitar à Agência Nacional de Águas o registro da estação de monitoramento instalada no Gasômetro. A sugestão é bem recebida pelo professor Rodrigo Paiva: “Recomendaria continuar com a régua no Gasômetro. Dará para se perceber que o nível do Guaíba não sobe ou baixa igual, por conta da hidrodinâmica”, comentou.
A pasta também afirma que a reinstalação do equipamento no Cais Mauá, que faz as medições no local desde 2014, será feita “tão logo existam condições técnicas”.
*Colaborou Marcela Donini
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