Juremir Machado da Silva

Theo Wiedersphan na Casa da Memória

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Theo Wiedersphan na Casa da Memória

Talvez esse nome difícil de pronunciar seja desconhecido de muita gente. Mas Porto Alegre tem suas impressões digitais no próprio corpo.

Uma cidade, pensando em Mario Quintana, é um mapa, com as pegadas daquelas que a amaram e nela tocaram com suas intervenções e construções.

Arquiteto e engenheiro, nascido na Alemanha, Theodor Wiedersphan (1878-1952), chegou ao Brasil em 1908, fugindo de desavenças familiares, tendo renunciado a uma herança em favor dos filhos com a primeira esposa, de quem se tinha separado depois de um casamento conflituoso.

Um irmão dele, que já vivia em Montenegro, arranjou-lhe um emprego no então promissor sul do Brasil, terra de futuro. Aqui, ele faria uma longa e prolífica carreira, ficando conhecido por vários prédios hoje chamados de históricos: Correios e Telégrafos (atual Memorial do Rio Grande do Sul), Delegacia Fiscal da Receita Federal (MARGS), Hotel Majestic (Casa de Cultura Mario Quintana) e Escola de Medicina (Sarmento Leite, 500).

A Casa da Memória Unimed Federação/RS (rua Santa Terezinha, 263), em parceria com o Instituto Goethe e o Consulado Geral da Alemanha, nos 200 anos da saga da imigração alemã para o Brasil, abre hoje, quarta-feira, 23 de outubro, às 19 horas, a exposição, com curadoria da arquiteta Vera Grieneisen, Theodor Wiederspahn, protagonista da internacionalização de Porto Alegre.

Uma viagem ao imaginário da capital

A vida de Theo Wierdersphan em Porto Alegre seria afetada por muitos acontecimentos históricos de grande alcance, alguns que marcaram o mundo: a Primeira Guerra Mundial, a Revolução de 1930 comandada pelo gaúcho Getúlio Vargas, a Segunda Guerra Mundial, com a entrada do Brasil no conflito ao lado dos Estados Unidos e dos aliados que combateram a Alemanha.

Filho de carpinteiro, aprendiz de pedreiro, depois empregado do escritório de arquitetura de Rudolf Ahrons, em Porto Alegre, Theo Wierdersphan encarnaria no Brasil o “ecletismo arquitetônico”.

Como se daria sua relação com o avanço do modernismo no Brasil? O que quis plasmar nas estruturas imortalizadas em ruas e praças? Como se adaptou às possibilidades de criação na provinciana Porto Alegre do começo do século XX? Que relações estabeleceu? Com quem se aliou? Quem o apoiou?

Presidente da Unimed Federação/RS, Nilson Luiz May, explica: “Essa mostra não apenas celebra a rica herança arquitetônica de Porto Alegre, mas também reforça nosso compromisso com a preservação e a disseminação da cultura. A obra de Theo Wiedersphan é um testemunho vivo da influência duradoura que imigrantes tiveram na formação da identidade gaúcha”.

A curadora Vera Grieneisen observa: “Queremos que as pessoas saiam com um novo olhar sobre os edifícios que fazem parte de seu cotidiano”.

Saber sobre uma obra sabidamente altera a maneira de olhá-la. Essa exposição na Casa da Memória Unimed Federação/RS ajudará a ver os majestosos prédios da Praça da Alfândega, já nesta Feira do Livro de Porto Alegre, que completa 70 anos de existência, com outros olhos.

A exposição em homenagem a Wiedersphan ficará aberta ao público, de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h, até 11 de novembro de 2024.

Imperdível.

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