Juremir Machado da Silva

Gre-Nal: deu Inter em 2024

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Gre-Nal: deu Inter em 2024 Partida ocorreu no Beira-Rio, no sábado (19) | Foto: Inter/Divulgação

Olho muito futebol, falo bastante desse esporte em lives, escrevo raramente sobre o assunto. Por que mesmo? Considero que há gente boa fazendo isso, sem contar que outros temas exigem de mim urgência. Vi o Gre-Nal do último sábado, vencido pelo Inter por 1 a 0. Gostei do jogo. Achei que o Inter poderia ter buscado mais o segundo gol ao final da partida. Vibrei com a vitória de Roger sobre Renato. Roger é um cara legal, competente, combativo em campos fundamentais, como o do enfrentamento ao racismo. Renato, ao contrário do que dizem até muitos gremistas, é um bom treinador. O que o atrapalha é arrogância. Ele tropeça cada vez mais no personagem caricatural que inventou para si, um cara tosco e narcisista.

Roger merece um grande título para consagrar a sua carreira assentada em trabalho e abertura ao novo, inteligência e preparação. Nos últimos tempos, o vira-latismo das novas gerações de comentaristas e torcedores, associado à preguiça de alguns treinadores brasileiros, passou a sustentar que só estrangeiros são bons técnicos. Do outro lado, a xenofobia resolveu defender o treinador da aldeia como verdade histórica irrefutável.

Sou contra a ideologia vira-lata e contra a xenofobia. Um treinador é bom por ser bom, não pela sua nacionalidade. Qualidade não vem com o passaporte. Roger é bom. Renato também. Assim como Abel Ferreira, do Palmeiras, e o excelente Juan Pablo Vojvoda, do Fortaleza, talvez o melhor de todos no Brasil, fazendo muito com um elenco mediano e uma folha de pagamento baixa comparada com a dos outros times na ponta da tabela.

Eu não gostava de Eduardo Coudet por uma razão filosófica: é neotático. Menos dogmático do que Fernando Diniz, mas neotático. Coloca o dogma acima da realidade dos jogadores. No Inter, cometeu erros graves, como não atacar o Fluminense, com um mais, no Rio de Janeiro, pela Libertadores, sacando titulares com a intenção de poupá-los para o jogo da vinda, perdendo a oportunidade de dar o golpe fatal na fera ferida.

Outro erro incrível: não escalava o lateral Bernabei, hoje um dos melhores jogadores do Inter, preferindo Renê, que se especializou em falhar em momentos decisivos. Como estrategista e gestor de pessoal, um fiasco.

Em futebol é comum acusar o outro, o que pensa diferente de “não entender nada”. É uma atitude patética, infantil, boba, coisa de criança birrenta ou de marmanjo sem argumentos. Gente grande, escolada, engravatada, curtida, tentando cancelar o oponente com o mais rasteiro dos artifícios. Todos erram. Até Tostão, o melhor comentarista, erra. Pelé errava. Falcão errava. Pouco, mas errava. Só não erra o que sabe tudo.

Futebol é o último bastião da identidade forte, do tipo para sempre. Na prática, é cheio de relativizações. O Inter não fez um bom ano de 2024. Como, porém, tudo é simbolismo, está revertendo a situação onde mais importa, no terreno dos símbolos: ganhou todos os Gre-Nais do ano. Está em alta. Tem torcedor achando até que ainda pode dar título em 2024.

Ser torcedor é acreditar sempre, até no impossível.

Afinal, dizem que o impossível é só improvável antes de acontecer.

Reli Platão e não encontrei a verdade.

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