Claudia Tajes
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La la la la la la

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La la la la la la Prefeito na enchente, Sebastião Melo venceu nas 10 Zonas Eleitorais de Porto Alegre | Foto: Cesar Lopes / Divulgação

Todo mundo pronto para os próximos quatro anos do Sebastião Melo?

Não que eu queira, mas não se pode negar: Melo vem aí, já dá até para ir cantando a musiquinha aquela do Sílvio Santos.

La la la la la la.

Desculpa, oposição, voto em ti e me dói escrever isso. Podia guardar para mim, entubar essa convicção até a apuração das urnas. Mas trabalho para a Matinal, precisava de assunto para a coluna e, sejamos realistas, o primeiro turno já deu a morta do que vai acontecer no domingo 27. 

Há menos de um mês, Melo venceu na cidade inteira. Incluindo o Humaitá e demais bairros alagados do Quarto Distrito, o Sarandi inundado, o Menino Deus que ficou debaixo d’água. Até nas Ilhas o Melo venceu, ainda que por uma margem menor. Margem, aqui, não é um trocadilho.

A campanha da Maria do Rosário foi limpa – até demais. Vídeos bem produzidos, a Maria digna do jeito que ela é, a voz do Lula às vezes ouvida no rádio com um texto padrão. Denúncias de corrupção na educação, no Dmae e na saúde, a ameaça sempre presente de novas enchentes. Tudo isso sem sangue nos zoio e cadeirada não serviu para comover o eleitorado. 

Enquanto isso, Micheque, Damares e até o governador Leite, que se reelegeu apoiado pelo PT, engrossando o bonde do Tião.

Para piorar, a gente deu de bandeja para a situação o que era para ser um trunfo nosso – e virou o trunfo deles: o chinelo. Melo Chinelo. O prefeito Chimelo. Uma pessoa da outra campanha me disse que, no lado de lá, eles nem esquentaram a cabeça. No imaginário e no dicionário, chinelo é o pobre, o bagaceiro, o mal vestido, o descomposto, o mal ajambrado, o que nada tem. 

Um adjetivo tantas vezes usado para definir quem vive no Sarandi, no Humaitá, nas Ilhas, na Restinga, nas periferias.

Daí o Melo vence nessas regiões mais carentes e desassistidas e a gente fica se perguntando: como pode?

Estratégia, do grego strateegi.

Se tem duas boas notícias, acho que essa campanha afirmou de vez as lideranças do Matheus Gomes e do Leonel Radde, cada um no seu estilo. Os esquetes do Radde de chapéu de palha são as melhores peças da campanha. 

E agora é ver o que o candidato do pé rachado que veio de Goiás nos reserva para os próximos quatro anos.

Tomara que não chova muito.

Sobre o Antonio Cícero, que escolheu a dignidade até o fim, que saudade desde agora.

 


As opiniões emitidas por colunistas não expressam necessariamente a posição editorial da Matinal.

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