Juremir Machado da Silva | Juremir Machado da Silva

Feira do Livro: Aquarela do Brasil, A primavera da pontuação e Gotículas da Alma

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Feira do Livro: Aquarela do Brasil, A primavera da pontuação e Gotículas da Alma Show de Vitor Ramil na PUCRS

A 70ª Feira do Livro de Porto Alegre está batendo na porta. Vai de 1º a 20 de novembro de 2024. Começa aquele zum-zum sobre livros. Haverá um caminhão de lançamentos e relançamentos. O que ler? O que procurar? Eu já falei aqui do romance de Vítor Ramil, “A primavera da pontuação”. Mantenho a dica: criatividade e elegância. Aliás, Vítor deu show no seu show, “Mantra concreto”, poemas de Paulo Leminski musicados por ele, na PUCRS na quinta-feira, 24 de outubro. Dois livros me pegaram pelo caminho nos últimos tempos: o recém-chegado “Aquarela do Brasil” (L&PM), de Juarez Fonseca, e “Gotículas da alma”, de João Pedro Casarotto.

Juarez Fonseca é referência nacional em jornalismo de música. Conhece como poucos a MPB e suas estrelas. “Aquarela do Brasil” traz entrevistas que fez com Rogério Duarte, Tonico e Tinoco, Ney Matogrosso, Marlene, Caetano Veloso, Nara Leão, Erasmo Carlos, Elis Regina, Gilberto Gil, A Cor do Som, Ângela Maria, Dick Farney, Lúcio Alves, Rita Lee, Roberto de Carvalho, Luiz Gonzaga, Eduardo Dusek, Dorival Caymmi, Lula Santos, Nelson Coelho de Castro, Roberto Carlos, Armando Albuquerque, Guilherme Arantes, Evandro Mesquita, Zé Keti, Maria Bethânia, Atahualpa Yupanqui, Mercedes Sosa, etc. Ah, e Glauber Rocha. Precisa dizer mais?

As entrevistas são densas, feitas por um conhecedor do riscado, e dão panorama de época, trajetória dos entrevistados, o ritmo da vida. O tom de cada momento. Coisa de mestre. Juarez Fonseca atua no jornalismo desde 1970. Viu o nascimento e a morte de estrelas. Encontrou todo mundo. Durante décadas publicou seus textos luminosos no jornal Zero Hora. Hoje, escreve para o Jornal do Comércio, de Porto Alegre. Chama a atenção a sua versatilidade, além, claro, do imenso conhecimento que tem sobre música. Basta dizer, falando de abertura aos diferentes, que publicou uma biografia do grande trovador gaúcho Gildo de Freitas.

 

Gotículas de alma

João Pedro Casarotto é craque numa área mais específica e árida, a das operações financeiras. Auditor fiscal, explica com clareza o emaranhado das tributações no Brasil. Parece mágica. Quem quiser entender assuntos amenos com a dívida do Rio Grande do Sul com a união, só precisa ouvir uma palestra dele. O homem dos números, porém, também gosta das letras e abre o coração em “Gotículas da alma”, onde recorre à ficção e à sua imaginação para tratar das tramas complexas da vida.

Na apresentação, brinca: “Assim, escrevi esses textos heterogêneos e em linguagem coloquial distensa na forma de contos (ou seriam descontos?), poesia (ou seriam heresias?), poemas (ou seriam blasfemas?) e crônicas (ou seriam nicas), onde, entre outros, percorro ligeiramente temas sobre 1) a exaltação às mulheres, 2)  o feminismo como acumulação de riqueza, 3) a vida de uma catadora de materiais recicláveis, 4) o falso conceito de uma única pirâmide social, 5) o homicídio sob violenta emoção, 6) o erro da comparação da religião com o ópio e 7) o automóvel como máquina de arrecadar impostos”. A vida, enfim, por vários lados.

Gosto de ver as pessoas fora das suas áreas de especialização, longe das zonas de conforto que dominam, abertas aos riscos e aventuras, revelando o humano, irremediavelmente humano, que nos caracteriza e nunca poderá ser apropriado por qualquer inteligência artificial. Na Feira do Livro, para quem aceitar ser flâneur, nada como passear por veredas, corredores e alamedas não previstos pelos donos do campinho.

 

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