Ensaio

Antropocenos do Sul: crises e criações para um novo regime climático

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Antropocenos do Sul: crises e criações para um novo regime climático Foto: Gregório Mascarenhas

A maior parte das ideias que aqui expostas foram gestadas em coletivos de pesquisa, como a APPH (Associação de Práticas e Pesquisas em Humanidades), o GPEP (Grupo de Pesquisa em Ecologia das Práticas) e o projeto A Terra e Nós. Também me aproprio de conversas e discussões que tive com grandes pensadores e pensadoras do Antropoceno aqui de Porto Alegre, em especial Fernando Silva e Silva, mas também Anelise de Carli, Alyne Costa, Marcelo Conter, Maria Petrucci, Luisa Mucillo, Julia Gonçalves, Ana Leticia Schweig e Tais Cardoso. Texto apresentado no dia 16 de outubro de 2024, na abertura da série de encontros Cultura no Antropoceno, promovida pela Casa de Cultura Mario Quintana.

Essa é a primeira vez que volto a Porto Alegre desde as enchentes. Peguei um voo para São Paulo no dia 1º de maio, com medo de que não ia decolar por causa das chuvas intensas. Mal sabia eu o que vinha pela frente e que de certa forma não iria deixar Porto Alegre, pelo menos em espírito, pelos próximos 45 dias. Tenho pena da minha esposa, carioca, que foi apresentada de forma radical ao pampacore, já que eu passava o dia todo ouvindo a Rádio Gaúcha, e boa parte da noite ouvindo música gauchesca, muitas vezes aos prantos. Nunca fui tão porto-alegrense, essa descoberta que a cidade em que se nasce e se viveu durante grande parte da vida não é um acidente e sim parte constitutiva do próprio corpo.

Nesses últimos dois dias de retorno, estava primeiramente muito ansioso para ver minha cidade, minha família e meus amigos, e me vi desde ontem como um obsessivo. Obsessivo para olhar para tudo e nisso tentar encontrar as marcas da enchente. Em todo canto que eu olho penso se ali esteve alagado, e se é possível encontrar algum indício desse passado, uma marca na parede, um comércio destruído, um outdoor amarronzado. Para mim é quase como se Porto Alegre tivesse se tornado um sítio geológico, onde através dessas marcas eu tentasse reconstruir um passado que não vivi, tal como geólogo que em vez de deslocado num tempo profundo, perdi o passado por um deslocamento espacial. Não estive aqui, e tento através das marcas, reconstruir o que aqui se passou.

A própria disciplina da geologia, de certa forma, é uma disciplina fundamentada sobre a ideia de traumas e violências. A reconstrução do tempo profundo da terra empreendida pelos geólogos propõe uma leitura de sua história a partir de eventos tão grandiosos quanto traumáticos, capazes de deixar uma marca tão profunda a ponto de se preservar por bilhões de anos. Trata-se de violentas catástrofes que se imprimem diretamente na rocha, concentradas em sua temporalidade expandida na troca do estrato de uma montanha ou no fundo de rios ou oceanos: eras do gelo, variações na rotação celeste, câmbios na composição atmosférica, grandes extinções, terremotos, erupções. A terra registra sua história de violências, as marcas de seus traumas, que são lidos e reconstruídos a partir desses indícios no presente.

É curioso como Freud elaborou sua teoria do trauma psíquico tomando como metáfora a prática geológica: também os nossos traumas pessoais deixam marcas profundas, organizam o modo como agimos, e podem ser lidos se escavarmos fundo o suficiente para descobrir a nossa história profunda. Se era metáfora a imagem geológica da marca traumática aplicada a nossa vida, passear por Porto Alegre parece desfazer essa impressão, e realiza nas paredes da cidade uma espécie de síntese daquilo que, por algum motivo, havia sido separado. Não são mais nas montanhas que procuramos os traumas geológicos da terra, mas aqui mesmo na Casa de Cultura. Não é mais no fundo de um inconsciente que encontramos os indícios das violências que deixaram marcas e organizam nossa vida, mas o trauma aparece impresso, tal como estratos geológicos, nas paredes da cidade.

Acho interessante pensar esse trânsito a partir do tema proposto para o nosso evento, “Cultura no Antropoceno”. De certa forma, a própria ideia de cultura surge a partir de uma oposição com a ideia de natureza, como aquilo que é propriamente humano, cultivado e desenvolvido por nossas próprias mãos, e que em certa medida se opõe e supera aquilo que é da ordem do instinto, do automático, do necessário, em suma, do natural. Bruno Latour fala que a própria modernidade é fundada sob o que chama de uma ‘grande separação”, aquilo que é da Natureza para lá, com suas dinâmicas próprias e incontestáveis, e o que é da Cultura para cá, com seu dinamismo, variação e criatividade. Penso que esses meus passeios por Porto Alegre talvez ilustrem uma dimensão importante do pensamento contemporâneo, que é precisamente uma hesitação perante essa distinção tão imediata entre Natureza e Cultura, quando vemos a própria natureza, ela sempre tão lenta e estável, irromper de forma violenta e com uma rapidez impressionante no centro de uma cidade, símbolo maior da ideia de cultura.

O Antropoceno, como ideia e proposição que surge na geologia, se fundamenta sobre essa ideia. Como disse o Fernando nos vídeos preparatórios para esse evento, muitas vezes confundimos a ideia de Antropoceno com a ideia de crise climática, o que faz sentido, mas não se reduz a isso. Quando Paul Crutzen e seus amigos propõem a ideia de que entramos em uma nova época geológica, sua construção conceitual se dá numa chave até então inédita da geologia. Não mudamos de regime como havíamos mudado até então, através de dinâmicas internas ao próprio planeta, mas por influência direta das práticas humanas. Diferentemente das catástrofes que comentei mais cedo, o Antropoceno diz de uma variação geral no regime climático da terra, ou seja, daquilo mesmo que entendíamos como “a natureza do planeta”, a partir de lógicas, práticas e comportamentos propriamente humanos, culturais.

Se é de todos os humanos, em sua dimensão genérica, é tema de debates intensos, que atravessam até mesmo a nomenclatura dessa nova época geológica: capitaloceno, platationceno, tecnoceno, tanatoceno. O que as disputas terminológicas não deixam de fora é o fato que sim, estamos adentrando uma nova época da existência humana, cujo gatilho central é uma reelaboração geral dos ciclos biogeoquímicos do planeta que garantiam uma certa estabilidade para nossa existência.

Criamos um conjunto de agires coletivos que se tornaram parte da própria natureza, e agora se apresentam para nós como uma crise. Gosto de pensar no título do livro de Maria Petrucci pois ele dá conta de um tipo de abordagem transversal: da crise climática a crise do pensamento. Não se trata apenas de observar que o clima e o funcionamento a do planeta está de cabeça para baixo, mas também entender de que foi o nosso pensamento que criou essa crise. É um percurso que se dá entre a criação e a crise, para tentar mais ou menos responder a pergunta: como chegamos até aqui.

Mas não apenas isso, e por isso propus esse título para minha fala, mas também de pensar da crise a criação, quais as formas que somos capazes de conceber coletivamente para, em algum nível, sair, ou aprender a habitar, do regime climático hostil a nós que agora nos encontramos. Da criação a crise, da crise à criação.

Uma forma possível de pensar as dinâmicas do Antropoceno é a partir da forma da Intrusão, como sugeriu a filósofa belga Isabelle Stengers, quando colocou que o nosso tempo de catástrofes é marcada por uma Intrusão de Gaia. Para além da ideia de Gaia em si, essa intrusão de que fala Stengers diz respeito a um tipo de reorganização da composição do nosso mundo político entre aqueles que contam para os assuntos humanos e os que não contam. De certa forma, em uma síntese muito rápida, a intrusão de gaia diz respeito a transformação do ambiente em um agente político. Quero reafirmar essa questão da agência, pois sabemos bem como o ambiente sempre foi ponto de contenda e de preocupação das mais variadas formas de orientação política, desde os ambientalistas e protecionistas de uma noção idealizada de natureza, até os grandes latifundiários do agronegócio que agem diretamente para moldar e explorar grandes porções de terra aos seus interesses.

Trata-se de pensar o ambiente como algo que, quase como que subitamente, ganha vida, agência, espírito, e responde ativamente ao modo pelo qual interagimos historicamente com ele. Se a forma pela qual o ambiente entra na política é de forma violenta, como intrusão, diz respeito a um quase espelhamento sobre a forma pela qual o entendemos. É próprio de certo pensamento moderno constituir aqueles que precisa violentar como desprovidos de alma, desprovidos de pensamento, desprovidos de ação, de forma a manter uma certa consciência burguesa leve em suas explorações. A assim entendida natureza, compreendida como estável e passiva, sempre capaz de se regenerar não importam os desmandos cometidos, parece agora arrombar a porta da política e afirmar sua própria agência. É preciso agora, e sem a possibilidade de ignorar, se haver com a intrusão do ambiente na política.

A forma da intrusão é convidativa para ver Porto Alegre como um microcosmo, ou uma metonímia aterrada, das preocupações do Antropoceno. Em especial a constituição ou o protagonismo de uma de suas marcas paisagísticas fundamentais, o Rio Guaíba, como uma espécie de grande vilão durante as enchentes. A paisagem, o pôr do sol no Guaíba, de um dia para o outro, com uma velocidade alucinante, irrompeu no centro da cidade, deixando de ser fundo para ser figura, deixando de ser distante para ser terrivelmente próxima.

Se por um lado, fomos obrigados a lidar com algo que não nos dizia respeito, era quase invisível que não do ponto de vista da contemplação, de outro lado também fomos encarados a descobrir de frente que não se tratava meramente de uma invasão do rio em nossas casa, mas a mais importante descoberta de que o rio sempre esteve aqui. A separação entre natureza e cultura, entre cidade e paisagem, é uma operação secundária: sempre andaram juntas. Se há uma intrusão do rio na cidade, fica claro como há também uma intrusão da cidade no rio.

Relembro: entre os dias 5 e 6 de maio, as águas começaram a subir vertiginosamente em áreas mais centrais em Porto Alegre. Canoas, região metropolitana, vale do Caí e Taquari já estavam debaixo de água, o Guaíba estava alcançando níveis históricos de cheia, mas a subida das águas no centro de Porto Alegre foi tomada com uma certa surpresa. Penso nos relatos de Julia Dantas e Irka Barrios, primeiro no Instagram, e depois nos textos que escreveram, sobre a velocidade com que suas casas eram invadidas pelas águas. Mais tarde, ao longo do dia, descobrimos que essa intrusão dizia respeito não apenas ao rio que se tornava protagonista de nossas vidas de forma súbita, mas também a descoberta de todo um novo elemento, que havia deixado de funcionar: as famigeradas bombas. Quando foram desligadas, como que por um passe de mágica, o rio passou a habitar o centro.

Não podemos deixar de lado a intrusão desse outro agente nessa cena cosmopolítica, pois ele revela talvez um dos dados mais importantes para essa reflexão. O aparecimento repentino do rio revelou, a partir de uma falha, que a cidade estava construída sobre um complexo tecnocientífico altamente refinado, ainda que descuidado, que envolvia bombas, muros de contenção, diques e demais tecnologias de prevenção. Como Milton Santos já falava, Porto Alegre tratava-se de um ambiente tecnogeofgráfico, onde uma complexa maquinaria se revelava de maneira coletiva pela primeira vez em seu propósito: expulsar, constantemente, o rio de dentro da cidade. Quando para de funcionar, descobrimos que existe, e quando se revela, se revela como catástrofe.

A cidade de Porto Alegre, como a conhecemos, é efeito desse processo. Sabemos bem como estamos, inclusive nesse exato momento, em cima de projetos de terraformação, especialmente da ordem do aterro. Mas muitas vezes tendemos achar que uma vez feita a geoengenharia do aterro, aterrado está. A interação entre cidade e rio – o rio lá, nós cá – muitas vezes invisibiliza que o que parece estar separado na verdade está em constante interação, uma tecnologia científica do separar que se renova todos os dias.

Ou seja, em certo sentido a enchente demonstra como que não se tratou apenas de um processo agudo, de uma intrusão pura e simples, mas sim de um processo contínuo que precisa ser sempre renovado. A separação entre natureza e cultura não foi algo feito no passado, pelos modernos ou capitalistas, mas sim refeito todos os dias. Se a cidade de Porto Alegre é resultado direto desse tipo de interação, também o é o Guaíba.

Saudamos quando o aparato geral de prevenção da enchente voltou a funcionar. Mas eu me pergunto se essa maquinaria e sua lógica científico-administrativo, por mais refinada e positiva que possar ser, não é fundamentada também sobre uma ideia política: a ideia de que o único a se fazer em relação ao Guaíba é expulsá-lo ou controlá-lo. Talvez essa intrusão possa abrir uma possibilidade de, revelados os agentes e o regime de interação sob o qual vivemos, propor algum tipo de relação com o rio que não seja da ordem do controle.

Já descobrimos que “o guaíba vem até aqui”, quase como uma presença espectral que agora não abandona mais a cidade, mas será que a única imaginação possível que somos capazes é tentar criar novas formas, mais precisas e eficazes, de constantemente expulsar ele da cidade? Não seria uma oportunidade de convocar os agentes – o próprio rio, mas também as os muros, as bombas e os diques – e abrir caminhos para produção de emaranhados possíveis? Que tipo de conhecimento, aí sim, propriamente antropocênico, capaz de partir já da superação da divisão entre cidade e rio?

Assim como se trata de ultrapassar certas divisões entre agentes, trata-se também de ultrapassar certas divisões disciplinares. As terraformações futuras, e aquaformações de Porto Alegre, atravessam também saber navegar a articulação entre ciência e política, e também entre política e ciência.

Lembro que em meio aos intensos debates da enchente, que curiosamente parecem ter abandonado o protagonismo nessa campanha eleitoral, havia quase didaticamente um binarismo de posições. Enquanto o poder público na figura do governador e do prefeito se imiscuíam de qualquer agir mais efetivo sob a justificativa de que se tratava de um evento natural, uma catástrofe incapaz de ser prevista, as forças de oposição e sociedade civil encaravam o problema quase como de forma oposta, tomando a catástrofe em sua dimensão puramente política, dizendo que tudo não se tratava de uma má administração (evidente) das práticas de prevenção do sistema contra enchentes.

As duas posições, uma que entende a catástrofe como puramente natural, e a outra que a entende como puramente política, parecem perder um pouco de vista que o que vivemos, e a magnitude de seus efeitos, trata justamente de uma posição no meio. Nem só política, nem só natureza. Mas longe de um centrismo, ou uma terceira via, trata-se, me parece, de inventar coletivamente as formas para dar materialidade a essa posição.

Retomando a proposição da crise climática a crise do pensamento, estamos diante de uma crise da lógica da causalidade, da produção de origem, da responsabilização moralista. De certa forma, Porto Alegre se torna caso central da proposição de Donna Haraway de que é preciso ficar com o problema. O problema da constituição de uma cidade em sua interação com o rio (e diversos outros rios), o problema das respostas que temos a competência de oferecer, da criação é preciso produzir a partir da crise que nos colocamos. Da crise à criação.

Importam as histórias que contamos, e a capacidade de tais histórias contarem histórias. Se permanecemos na grande divisão, as soluções que encontraremos irão esbarrar, cedo ou tarde, na produção dos mesmos problemas que tentávamos solucionar. Contar a história de Porto Alegre como uma disputa constante contra o Guaíba produz, como resultado, o que vimos. Há outras formas de inventar formas de interagir, ou mesmo de prestar atenção ao nosso entorno, para que não caiamos na repetição do mesmo?

Nesse sentido, em que cada vez mais a ciência e a política se veem esgotadas perante o problema, apartadas na superfície mas mancomunadas debaixo dos panos, que um evento que discute cultura e criação no Antropoceno ganha força. Pois é a partir da criação, daquilo que chamávamos de cultura, das artes, da literatura, do cinema, que podemos de certa forma juntar aquilo que não estava junto, elaborar formas de interação, produzir contaminações naquilo que certos poderes insistem em manter puro. Talvez, trate-se de uma crise climática e de uma crise de pensamento, mas também de uma crise da imaginação, dos limites da imaginação moderna (na política, na ciência) de fabular e criar novos mundos nos quais a catástrofe não seja o único horizonte.

A modernidade fundou-se sobre a distinção entre o centro e a periferia, do ponto de vista espacial, trazendo a reboque uma dimensão temporal. Quanto mais ao centro, mais no futuro estamos, enquanto a periferia está sempre num passado, fadada a chegar no mesmo futuro que o centro. O Antropoceno, como conceito desorganizador de certezas e separações, inverteu essa flecha do tempo, como disseram Eduardo Viveiros de Castro e Deborah Danowski. São nas periferias do mundo, nos seus infinitos Suls, que o futuro tem chegado de forma antecipada e devastadora, um futuro que é reservado, ao menos para o momento, a todos. Se por vezes a narrativa, que soa triunfalista em sua derrota, de que estamos condenados a ver o alvorecer, mas não o desaparecimento, do Antropoceno, que ao menos a nossa perspectiva possa fracioná-lo em menores histórias, mais conectadas, em diversos Antropocenos do Sul.

São nesses Suls que se multiplicam – e sempre se multiplicaram, hoje e ontem – as perspectivas singulares, que criam, como que num passo lado, as formas de viver na insistência do fim do mundo. Somos como testemunhas do futuro, viajantes do tempo vindos de um mundo que cada vez mais se apresenta como alienígena, e que trazem em suas bolsas certas notícias do porvir, das intrusões e contaminações. Se Porto Alegre, em algum momento foi a capital de um outro mundo possível, gostaria de acreditar que eventos como esse em que estamos, resguardam a potência de fazer reverberar uma frase ou um refrão, ainda a ser feito, capaz de mobilizar um futuro Fórum Geossocial Planetário.

 

André Araújo é comunicólogo, professor e pesquisador associado da Associação de Pesquisas e Práticas em Humanidades (APPH) e pesquisador do CNPq. Doutor em Comunicação (UFRGS), pesquisa atualmente temas vinculados à filosofia da comunicação, literatura especulativa e estudos de mídia. É coordenador conjunto do projeto “A Terra e nós: educação, pesquisa e cidadania no Antropoceno” (CNPq) e membro fundador do Grupo de Pesquisa em Ecologia das Práticas (GPEP) e do Grupo de Pesquisa Semiótica e Comunicação (GPESC).

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