Crônica

Anhangabaú: o Vale que uniu São Paulo 

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Anhangabaú: o Vale que uniu São Paulo  Foto de domínio público e autor desconhecido que mostra o Vale do Anhangabaú em 1890 e que mostra um ambiente rural e bucólico. 

Sou um maluco por regiões centrais das cidades. O soçobrar dessas regiões históricas em muitas cidades me corta o coração, mesmo assim admiro o charme decadente desses locais, com seus prédios históricos, suas ruas que também contam histórias. São Paulo não é diferente. As ruas que já abrigaram movimentos, lojas chiques e onde a vida da hoje maior metrópole da América Latina acontecia, atualmente está cheia de prédios fechados, de ruas sinistras assim que o sol se põe e moradores de rua que se espalham pelo chão em barracas improvisadas. 

Ainda assim, para pessoas com olhar e gosto por boas histórias é como desembarcar de uma nau. Imaginar que estou caminhando pelas mesmas ruas que Oswald de Andrade, Adoniran Barbosa, Pagu, Lina Bo Bardi, Luís Gama, Vilanova Artigas, Ulysses Guimarães, Itamar Assumpção, Jô Soares, Rita Lee entre tantos outros me faz sentir parte daquela imensidão que vai muito além da esquina da Ipiranga com a Avenida São João. E de todos os locais do Centro o meu preferido é o Vale do Anhangabaú. Local de movimentos múltiplos em uma metrópole em eterno movimento, ali aconteceram grandes eventos políticos como o comício das Diretas Já, que reuniu 1,5 milhão de pessoas, e foi ali nas proximidades da pista de skate, em frente a Estação São Bento, que surgiram o punk e o hip-hop. 

Desde o século XVII, quando o local era uma área rural, com plantações de chá e onde antes passava o Rio Anhangabaú (em Tupi, Rio do Mau Espírito), hoje coberto, foi importante para o crescimento da cidade. Com a construção do Viaduto do Chá o centro pode ser estendido para o que hoje chamamos de Centro Histórico. Antes do viaduto, o Triângulo (a região entre o Largo de São Bento e a Sé) foi unificado, no começo do século XX, e só assim o outro lado se desenvolveu. Por muito tempo o local teve grande circulação de carros e de transporte coletivo, até que no século XXI, houve a polêmica reforma, que asfaltou o largo, aumentando a área de circulação de pedestres, mas derrubando boa parte das árvores e eliminando alguns dos jardins. Hoje o trânsito passa por baixo do vale, após a construção de túneis. 

Abaixo uma seleção de fotos do Vale do Anhangabaú: 

 

 

Vale do Anhangabaú nos anos 1980, antes da construção dos túneis que desviaram o trânsito do local. Foto do arquivo municipal.

 

Vale atualmente em uma foto tirada de cima do Viaduto do Chá.

 

Praça Ramos de Azevedo vista do Vale do Anhangabaú, ao fundo o Theatro Municipal de São Paulo.

 

Morador do Vale do Anhangabaú

 

Foto tirada do chão do Vale do Anhangabaú, ao fundo o Viaduto do Chá e o prédio do Palácio Matarazzo, sede da Prefeitura de São Paulo.

 

Foto de prédio ao lado do Vale do Anhangabaú com picho, arte urbana presente em todas as regiões do Centro.

 

Pessoas comuns frequentam o Vale diariamente, mas alguns com aquele algo mais que só personagens urbanos são capazes de proporcionar.

 

Chegada ao Vale do Anhangabaú pela famosa Avenida São João. À esquerda, o prédio histórico dos Correios.

 

Apresentação de grupo folclórico peruano em evento no final de semana no Vale do Anhangabaú.

 

A decadência do Centro explicitado em prédios decadentes entre o Vale do Anhangabaú e a Rua Líbero Badaró, quase em frente ao “assombrado” Edifício Martinelli.

 


Euclides Bitelo é jornalista, gaúcho, Colorado e atualmente vive entre Santos e São Paulo/SP. 

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