A importância da memória na identidade judaica
Este texto é uma coletânea de informações sobre a memória, as relações na era digital, sobre a identidade judaica e, especificamente, sobre o Instituto Marc Chagall. São os conhecimentos que aprendi e os que venho coletando, acompanhados de minhas reflexões sobre eles. Não tem a pretensão de ser uma pesquisa acadêmica nem provar nada.
O texto é composto de quatro partes:
- Introdução
- Memória, relações e atitudes na era digital
- A identidade judaica e a memória
- O Instituto Marc Chagall
- Um pouco sobre minha identidade judaica
- Introdução
Minha relação com a memória
Sempre fui desligado em relação à memória, saudosismo etc. Não guardei sequer meus objetos de infância e adolescência, tenho apenas algumas fotos. Guardei os objetos e muitas fotos dos filhos, obviamente.
Ao mesmo tempo, sempre trabalhei com inovação: computação gráfica, interatividade (desde antes da internet). Minha atuação sempre me colocou frente a desafios que miram o novo, não o passado.
O Chagall
O Instituto Marc Chagall (que carinhosamente chamamos de “Chagall”), onde trabalho voluntariamente há quase cinco anos, preserva e divulga a história, a memória e a cultura da comunidade judaica no RS, história que começou em 1904 e, portanto, completa 120 anos agora.
Foi no Chagall que comecei a me interessar pelo passado (especificamente sobre o passado do judaísmo) e a trabalhar na preservação e divulgação desta memória.
De lá prá cá, eu tenho me perguntado:
- Para quê serve a memória, além de nos abastecer de informações no dia a dia?
- Como a memória e nossa identidade evoluem, se modificam?
2. Memória, relações e atitudes na era digital
O Ambiente
Vivemos um tempo no qual recebemos, principalmente no celular, uma enorme quantidade de informações: instantâneas, frequentes (durante todo o dia e até quando estamos dormindo), diversas no conteúdo e na forma, várias delas contraditórias, de ilimitadas fontes, muitas vezes desconhecidas e não confiáveis.
O ser humano, já está provado, tem uma tendência a ficar rapidamente viciado em receber informações recentes e descartar as informações anteriores, num ciclo frenético e permanente. Somos “novidadeiros” por natureza, a informação nova estimula a produção de dopamina – o hormônio da felicidade. Nosso cérebro, ao mesmo tempo que tem satisfação neste ciclo, tem dificuldades de acompanhar e entender tantos e tão diversos impulsos.
É preciso adaptar-se a tantas novidades e mudanças, selecionar (filtrar) o que é importante ou não, analisar dados e opiniões, comparando com nossos padrões anteriores, discernir o que deve mudar em nossas concepções e, por fim, registrar (guardar, salvar) tantas informações. São tarefas difíceis, mais ainda se exigirem rapidez.
Este ambiente gera uma situação de insegurança, nos níveis pessoal e relacional em grupos familiares e sociais, uma perigosa confusão mental, um não saber discernir entre o certo e o errado, um avaliar equivocado, um desconfiar de tudo e de todos.
Antes tínhamos apenas as reportagens, artigos e opiniões que líamos nos jornais e os livros. Hoje, infinitos perfis nas redes sociais falam sobre tudo, além de nossos amigos omitindo opiniões diversas em aplicativos de mensagens. Sem falar nas revistas, blogs e jornais eletrônicos. Até publicar livros ficou fácil. A informação nos chega, todos os dias, como uma série de tsunamis contínuos.
Daí torna-se comum cair em golpes e em armadilhas da linguagem. Em tempos de tanta desinformação, é bom ficar atento às 38 falácias – estratégias de argumentação para enganar o “outro” com base na habilidade verbal e na acuidade de raciocínio – que Schopenhauer listou no livro “Como vencer um debate sem precisar ter razão”.
Nestas condições, torna-se difícil solidificar posições, muitas vezes baseadas em fake news, limitações de conhecimento e em opiniões imparciais, tendenciosas.
A conclusão é que vivemos num CAOS INFORMACIONAL e, por consequência, numa CRISE DE VALORES.
O que dizem os especialistas
Para manter alguma sanidade mental e paz de espírito no meio do caos de informações e da crise de valores, os especialistas fazem algumas recomendações:
- Praticar a contenção emocional, não reagir imediatamente às coisas que nos chocam, ou seja, tentar racionalizar.
- Treinar a disciplina, estabelecendo horários de proximidade e de afastamento das redes sociais, mensagens etc. Nos períodos de afastamento, buscar opções analógicas para ocupar o tempo.
- Já que os conteúdos que recebemos na internet são geralmente superficiais, é preciso exercitar a concentração, o foco, para conseguirmos nos aprofundar num assunto, quando for necessário ou desejado.
- Treinar a memória, buscando atividades mentais e intelectuais que estimulem o registro de novos conhecimentos e a busca do que já temos guardado.
- Diante da crise de valores, sugere-se buscar princípios e conceitos confiáveis na história, que pode ser uma âncora de preceitos consolidados.
Como resolver? Percebi há uma solução que auxilia a resolver quase tudo isso: a leitura de livros.
Ivan Izquierdo, um renomado neurocientista, afirmava que a leitura é a melhor prevenção à demência, pois nos obriga a ativar nossos neurônios. A cada letra ou palavra lida, o cérebro precisa buscar na memória sua pronúncia, seu significado e seu encadeamento lógico.
Hugh McGuire, um editor de livros dos USA, cujo trabalho diário é ler livros e escolher os que serão publicados, não conseguia mais se concentrar na leitura, exatamente pelo fenômeno da hiper conectividade. Seu cérebro tinha fome de informação nova e se distraia a cada minuto. Seu neurologista explicou o fenômeno da dopamina e ele, com bastante disciplina e esforço, passou a limitar os horários de conexão até que conseguiu recuperar o poder de concentração.
Alain de Botton, um filósofo e escritor suíço que vive em Londres, descreveu, no livro “A Arte de Viajar”, a nossa compulsão em captar fotos de todos os lugares e situações. Segundo ele, seria para nos apoderarmos daquele momento, já que será tão fugaz, diante da correria da vida. A solução que ele propõe é que sentemos diante de um local que apreciamos e tentemos desenhar o que vemos. Mesmo que não sejamos bons desenhistas, teremos tido uma proximidade maior com o local e a vivência irá se registrar em nossa memória, trazendo satisfação mais adiante, ao ser recordada.
Por falar em livros e memória, lincando ao judaísmo e à história, recomendo “Os Amnésicos” – uma espécie de autobiografia familiar de Géraldine Schwarcz, uma jornalista franco-alemã. O livro acompanha três gerações de sua família e foca na época do nazismo, reconstituindo o trabalho de memória e a tentativa de desnazificação empreendida na Alemanha e noutros países da Europa.
Atitudes (minhas reflexões e sugestões)
No dia a dia
Diante de tantas fontes e publicações, é preciso ser um pouco jornalista e desconfiar de notícias e opiniões disruptivas, extraordinárias. Não que todas sejam mentiras, mas fatos raros são exatamente isto: raros. Por isso, informações surpreendentes precisam sempre ser checadas em fontes confiáveis e diferentes.
Aqui adianto uma característica judaica que coincide com a atitude de questionar. O diálogo judaico (e mesmo a reflexão) evolui baseado nas perguntas, no questionamento. É muito comum uma pergunta ser respondida com outra pergunta e, assim, o assunto vai crescendo e amadurecendo. Dizem que onde há dois judeus há três opiniões distintas. Uma piada conhecida é a do judeu que ficou perdido durante anos, sozinho numa ilha deserta. Quando lhe perguntaram por que tinha construído duas sinagogas, ele responde:
– Porque eu não concordo com o judaísmo praticado naquela outra.
Buscar o contraditório é fundamental hoje em dia. Mesmo que seja diferente de nossas opiniões. Iluminando nossas ideias com outras luzes podemos aprimorá-las (ou até modifica-las). Só assim é possível evoluir, crescer.
Respeitar o diferente (desde que ele também nos respeite), no ambiente explosivo das redes sociais é uma tarefa necessária e difícil. Ao nos depararmos com manifestações que nos chocam, seja pela surpresa, agressividade, excentricidade ou por serem muito diferentes de nós, nossa tendência é responder de forma irracional e destemperada, muito mais do que faríamos numa discussão ao vivo. O distanciamento provocado pelas telas parece que facilita a liberação de “cobras e lagartos”. Mas esta atitude é como tentar apagar incêndio com gasolina.
Não devemos esquecer de que do outro lado da tela há um ser humano como nós, mas suas opiniões e valores podem ser muito diferentes das nossas. É preciso que a gente exercite a contenção e aprenda a dialogar nesta nem tão nova forma de comunicação. Conversar sem querer modificar a outra pessoa nem aceitar sua eventual tentativa de impor mudanças em nós é uma arte a ser aprendida.
Ao mesmo tempo, tentar conversar com quem não nos respeita ou não está disposto a nos ouvir é não apenas inútil como prejudicial, pois traz um gasto de energia e nos provoca angústia e stress. Afastar-nos das pessoas desrespeitosas, radicais ou muito diferente de nós é, em alguns casos, uma atitude necessária.
No nosso pensamento
É fundamental utilizar nossos filtros internos para tratar as infinitas informações que recebemos. E ampliá-los. Filtrar não é apenas deletar o inútil, é também aceitar o que passa pela peneira e alterar nossos padrões internos.
Nossa capacidade de filtrar vem da formação pessoal e do conhecimento da verdade e da história. Comparamos as novas informações com os dados e conceitos que temos registrados na memória. Internalizamos e externamos o resultado do que passa por nossos filtros
3. A Identidade judaica e a memória
Não há uma definição precisa sobre o que é a identidade judaica. Ser judeu é um conceito amplo, que envolve um misto de religião, cultura, tradições, nacionalidade, pertencimento. Em cada judeu, há uma mistura na qual estas características se apresentam em doses diferentes, até algumas plenas e outras inexistentes. Em todas as formas de sentir e viver a identidade judaica, há o sentimento de pertencimento a um grupo étnico, a um povo.
Memória e identidade judaica
A memória fundadora do judaísmo é o reconhecimento da existência de Deus, do pacto de lealdade, de memória e de sua revelação, firmado na libertação do povo do cativeiro egípcio (comemorado na festa de Pessach) e da entrega das Tábuas da Lei a Moisés, no deserto.
Este pacto foi o elemento constitutivo do judaísmo. Deus deixa aos israelitas a promessa que nunca se esqueceria deles, desde que fossem obedientes a Ele, guardassem e respeitassem Seus estatutos e desígnios. E os elege o “povo escolhido”, não por ser melhor do que os outros, mas porque os escolhe para a missão (Mitzvá, em hebraico) de propagar seus desígnios, gravados nos dez mandamentos.
Cria-se assim a obrigação de lembrar-se sempre de Deus e invoca-lo, recordando os milagres e livramentos realizados. Lembrar da existência de Deus, consagrar e ler diariamente a Torá (que conta a história do Antigo Testamento), são, assim, atos de memória da identidade judaica.
Ao longo do tempo, a identidade judaica ampliou-se, com o desenvolvimento de hábitos, tradições e uma cultura própria, influenciada também pelos locais onde o povo judeu se estabeleceu, na diáspora.
A própria religião mudou: a interpretação da Torá, expressa no Talmud – uma coletânea de livros sagrados, registro das discussões rabínicas sobre a lei e a ética judaica, os costumes e a história do judaísmo. As diferentes interpretações e o questionamento permanente criaram novas vertentes do judaísmo: a ortodoxa, a reformista, a conservadora.
Sem falar na divisão em dois grupos, por critério de origem: os Asquenazis, oriundos dos países da Europa Central e Oriental (França, Alemanha, Polônia, Inglaterra, Rússia, Leste Europeu etc.) e os Sefaradis, oriundos da Península Ibérica (Espanha, Portugal), países mediterrâneos (Grécia, Itália), norte da África (Egito, Marrocos) e Ásia Central.
Hoje em dia, no meio do turbilhão formado pelo caos informacional e a crise de valores no ambiente em que vivemos, surgem algumas dúvidas inevitáveis.
- Independente da condição judaica, o que fica?
- O que permanece na memória e como devemos tratá-la, no âmbito pessoal, de grupo e comunitário?
- Como podemos utilizar tanta informação para evoluir?
- Como reforçar nossa identidade (inclusive a judaica)?
A história como âncora
Conhecer nossa a história tem significados para nós, como indivíduos. Saber sobre nossas origens dá mais sentido à nossa vida pessoal. Quando mantemos íntegras nossas vivências anteriores, nos sentimos bem. Quando reconhecemos nossa história identitária em relação ao grupo a que pertencemos nos sentimos mais íntegros e para isso mantemos hábitos e tradições, transmitindo-os às gerações seguintes.
O cultivo da memória nos invoca a guardar fotos, documentos, lembranças e objetos familiares. Somos seres grupais: acessar nossa história fortalece nossa sensação de pertencimento à família e ao grupo comunitário.
Estas atitudes, próprias dos grupos identitários, aparecem também no meio judaico.
Identidade coletiva – a memória como elo de união
A memória coletiva é o que fez com que os judeus, embora espalhados pelo mundo, permaneçam unidos e identificado como povo.
- Preservar a memória e transmiti-la para as novas gerações é (e sempre foi) muito importante.
- O judaísmo tem preocupações pessoais com a hereditariedade e permanência de seus feitos, memórias e valores.
- Na família, a oralidade tem muita importância. É o meio de transmissão da memória, das tradições, dos costumes e da história coletiva (familiar e grupal).
A identidade judaica é fortalecida pela família, amigos, entidades da coletividade e a vivências em acontecimentos e lugares. Israel é o local preferido para turismo, programas vivenciais de curto e médio prazo, além da formação de lideranças.
Para a comunidade judaica, preservar a memória e transmiti-la para as novas gerações é (e sempre foi) muito importante. O judaísmo é considerado o “povo do livro”, por seu apego à educação e à leitura. “O que aprendo posso levar na mente, mesmo que eu tenha que fugir”.
A transmissão oral de hábitos e valores, na vida familiar, também tem muita relevância no judaísmo. A lembrança das perseguições e o risco de dissolução do grupo traz a necessidade de recordar sempre, para evitar a repetição.
Entre os imigrantes, contata-se a dificuldade de abordar o passado, por ter sofrido nas perseguições, por vergonha ou para preservar seus descendentes. Isso dificulta a transmissão da história e pode criar um hiato, se não for mitigado.
Por outro lado, o excesso de lembranças doloridas e sua difusão trazem o risco da vitimização.
Pluralidade
A pluralidade judaica se dá não apenas pela forma de identidade escolhida (religião, cultura, sionismo etc), mas também pela origem, o que gera uma diversidade ainda maior de traços fisionômicos, cor da pele, hábitos, formas de praticar o judaísmo etc. Além dos grandes grupos – Asquenazi e Sefaradi – há judeus etíopes, chineses, drusos.
Um grande contingente (em torno de 2 milhões de pessoas) de árabes moram em Israel. Eles não são considerados judeus, mas são cidadãos do país e tem todos os direitos, como educação, saúde, participação política e outros.
Ao mesmo tempo que cada judeu escolhe um caminho diferente, é preciso lembrar que são todos ramificações do mesmo caule, da mesma raiz. A história é como uma “cola” que os une, os torna semelhantes e os aproxima.
A lembrança e o culto das tradições, leis, costumes, cultura e dos valores judaicos são elementos de identidade, preservados na memória coletiva como elo de ligação entre gerações, entre judeus de diferentes identidades e judeus de diferentes lugares. Povos que não preservaram estes elementos e se assimilaram completamente acabaram por desaparecer – incas, maias, índios americanos. Tanto na diáspora como em Israel, é consciente a transmissão de memória e valores judaicos, além da necessidade de união.
Presença dos judeus na sociedade ampla
A sociedade ampla (não-judaica) no Brasil, em sua maior parte, ignora o que seja o judaísmo, mas parece aberta a conhecer a trajetória do grupo étnico e dos seus momentos na história do estado e do país. Na cronologia do país, há relatos de judeus vindos com a expedição de Cabral, muitos vindos logo após o descobrimento e um grupo vindo com a Invasão Holandesa.
Há muitos judeus presentes na cultura brasileira, assimilados à realidade do país e não identificados como judeus.
Mitos e falsas narrativas que geram antissemitismo podem ser derrubados (ou ao menos diminuídos) quando há integração dos judeus à sociedade ampla. Está provado que a melhor forma de acabar com preconceitos é a convivência em momentos de integração.
4.O Instituto Marc Chagall
História
O Chagall foi fundado em 1985 por uma turma de profissionais liberais, empresários e intelectuais que se reuniu para promover a cultura judaica. O grupo era liderado por Ivoncy Ioschpe e Evelyn Berg que, mais adiante, foram morar em São Paulo e passaram a direção do instituto a outras pessoas.
No início, a ênfase do Chagall ocorria na promoção de eventos culturais, alguns de grande porte. Ao longo do tempo e principalmente depois da saída do casal fundador, o instituto passou a concentrar a memória das famílias e de algumas entidades da comunidade, mantendo a tradição de realizar eventos.
Hoje, o Chagall possui um acervo em torno de 45 mil itens, entre documentos e fotos da imigração, da colonização e da evolução da coletividade. Centenas de horas de gravação contém os depoimentos (histórias de vida) dos imigrantes. O acervo foi bem conservado pelas diretorias anteriores e se encontra bem preservado e organizado.
Objetivos
Como fazer de nosso acervo algo importante para as pessoas da comunidade judaica e da comunidade ampla?
A direção atual quer manter viva e presente a história de cada família, de cada pessoa. É preciso manter e disseminar os valores e costumes judaicos de humanismo, caráter, empatia, fazer o bem, união, solidariedade (ajuda mútua), leitura, estudo (conhecimento é atemporal e não depende de lugar), debate e reflexão.
Mas não basta apenas preservar fisicamente, como vem sendo feito. É preciso dar às pessoas um acesso amplo, fácil e atraente.
Planejamento estratégico
A diretoria atual está trabalhando para a manutenção e crescimento do instituto e na transição do analógico para o digital. Foi desenvolvido um planejamento estratégico que abrange quatro eixos e novos projetos.
Projetos
- Digitalização e Difusão do Acervo- a digitalização vai permitir o acesso pela internet, através de um portal para pesquisas, um museu virtual, um memorial das famílias, exposições virtuais e outros recortes. O projeto já captou parte da verba e encontra-se em fase de pré-execução.
- Melhoria da sede e conservação do acervo. Foram feitas diversas melhorias – instalação de ar condicionado e sistema elétrico, aquisição de novos móveis e equipamentos, troca das caixas de armazenamento do acervo e outras.
- Reabertura do espaço expositivo. Ocorrida em 5/8, com a abertura da exposição “O Legado da Bessarábia – A História dos Judeus na Moldávia”, promoverá exposições artísticas e históricas.
- Polo de Turismo Histórico Judaico de Quatro Irmãos e Região. Iniciativa em desenvolvimento, para a criação de um polo de visitação turística nos locais de colonização judaica da cidade de Quatro Irmãos e região. A cidade se autodenomina “berço da imigração judaica” e possui ruas e locais que guardam a história dos primeiros colonizadores judeus. Uma equipe de guias foi treinada para receber os visitantes. Comidas, músicas e danças típicas judaicas foram ensinadas a pessoas e estabelecimentos locais, para entretenimento dos turistas.
- Museu Judaico. Planeja-se a criação de um museu, no mesmo prédio em que está o instituto, ocupando mais um andar. O projeto museológico já foi desenvolvido. As próximas etapas serão o projeto arquitetônico, orçamentação, captação de recursos e execução.
- Exposição itinerante. Está também nos planos a montagem de uma exposição itinerante do acervo, com instalações tecnológicas interativas, que poderá ser apresentada em eventos locais, nacionais e no exterior.
Para realizar estes planos, o instituto tem buscado recursos através das leis federais e estaduais de incentivo à cultura.
- Um pouco sobre minha identidade judaica
Não sou um especialista em judaísmo nem sou um acadêmico, sou apenas um “judeu cultural”, um curioso sobre o judaísmo, que conheço (não muito) por participar da comunidade e por algumas vivências e leituras:
- Em casa, na família, tive uma formação judaica não-ortodoxa, festejávamos somente as grandes festas (Pessach, Rosh há Shaná/Yom Kipur). Não deixávamos de ter atividades no Shabat e não seguíamos os preceitos da Kashrut (leis da dieta judaica). Nosso judaísmo se dava mais pela preservação e transmissão dos valores humanísticos e culturais. Meus avós eram imigrantes, vieram da Polônia e Romênia no período entreguerras. Meus pais nasceram no Brasil.
- Estudei no Colégio Israelita durante quase toda a minha juventude, saí em 1974. Lá, aprendi um pouco de hebraico e um tanto da história e da cultura judaica.
- Frequentei desde criança os clubes judaicos, principalmente para esporte e lazer. Ainda jogo tênis num deles.
- Participei por pouco tempo dos movimentos juvenis, que reúnem jovens para atividades culturais e esportivas.
- Desde 2020, participo da diretoria do Instituto Cultural Marc Chagall e desde 2023 estou na presidência, até o final deste ano.
Sobre memória e neurociência
Nestas áreas também sou apenas um mero curioso, não um especialista. Sobre a neurociência, especificamente, tenho procurado conhecer, pois tenho planos de escrever um romance de ficção (sou um escritor amador e eventual), que envolve conhecimentos científicos.
Nilton Wainer é formado em arquitetura e análise de sistemas. Tem especialização em Gerência de Projetos. Trabalhou no Serpro, na RBS TV, TGD Computação Gráfica, Interativa. Atualmente é gestor de projetos de design, TI e marketing digital, além de dar aulas particulares de informática.