Parêntese #239: Patrono Faraco
A Feira do Livro de Porto Alegre completa nada menos que 70 edições este ano, e anunciou Sérgio Faraco como seu patrono. Uma beleza total.
Faraco é um senhor contista, mas também é um excelente tradutor e um criativo antologista (organizou várias antologias de poesia e de outros temas), assim como um autor de livros inesperados e, por isso mesmo, interessantes – um sobre sinuca, outro sobre motores de carro, outro ainda sobre o Titanic afundado, outro sobre um obscuro poeta de tempos atrás.
Quer dizer: é um homem de declarada fé no livro.
O livro, esta singela invenção humana ainda não superada. Uma pilha de folhas grudadas por apenas um dos lados, quase sempre com uma capa – e dentro qualquer tema de interesse humano. Cabe ciência, cabe poesia, cabe passado e futuro, cabem homens e mulheres de qualquer origem e destino, com ou sem ilustrações.
Coisa boa e confortável o Faraco como patrono – uma posição simbólica entre nós, que faz do escolhido um morubixaba da aldeia, um sábio do coletivo. O Faraco, especificamente, é isso tudo, e vai nos ajudar a passar esses tempos ásperos.
Até 20 de novembro, ouçamos e leiamos o Faraco como nunca antes.
E aproveita, prezado leitor, gentil leitora, para reler a entrevista que a Parêntese fez com ele, com o auxílio da parceira Cláudia Laitano, quando o escritor completava seus 80 anos.
Luís Augusto Fischer
Nesta edição
A enchente volta a aparecer por aqui em crônica de José Mário Neves, ensaio fotográfico de Flávio Wild e uma reportagem especial de Rodrigo Flores. O repórter narra, em três partes, a história de imigrantes venezuelanos moradores do bairro Sarandi, um dos mais inundados em maio deste ano.
Jandiro Koch traz novos dados sobre o assassinato de Luiza Felpuda, personagem da cena LGBTQIAPN+, morto em 1980 junto com seu irmão, em Porto Alegre. Zilá Bernd resenha o livro mais recente de Juremir Machado da Silva. E o texto de Juliana Wolkmer é também um convite para assistir a apresentação final da Oficina de Montagem Teatral Cena Aberta, com a interpretação de esquetes do cômico alemão Karl Valentin.
Juremir narra os momentos finais de Getúlio Vargas. Sergius Gonzaga e Natália Jung reverenciam o escritor Márcio Souza, falecido no dia 12 deste mês. Ivan Colangelo Salomão escreve o obituário de Delfim Netto.
Fechamos a edição com a terceira parte sobre a literatura de teutodescendentes, escrita por Luís Augusto Fischer, e um novo capítulo de Arthur de Faria na biografia musical de Porto Alegre.