Ensaio

Um belga no Brasil: Alphonse Mabilde e colonos alemães – parte 1

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Um belga no Brasil: Alphonse Mabilde e colonos alemães – parte 1 Alphonse Mabilde, entre 1870-1879

Por zelo familiar e por uma boa dose de sorte, chegaram as minhas mãos, em 2023, documentos originais do tempo do II Império escritos por meu tataravô, Pierre François Alphonse Mabilde. Em um caixa de papelão que, milagrosamente, escapara de traças e cupins, encontravam-se correspondências encaminhadas aos presidentes da província e ao diretor-geral das colônias, inúmeros apontamentos sobre botânica e mineralogia e os relatos etnográficos sobre sua convivência com indígenas Coroados. Todos esses documentos haviam sido cuidadosamente organizados por May Mabilde Lague, minha tia.

Desde então, tenho me debruçado sobre a história da vida desse antepassado. Pierre François Alphonse Mabilde nasceu na Bélgica em 1808 e fugiu para o Brasil em 1833. Morou até sua morte, em 1892, na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Engenheiro, prestou diversos serviços aos governos da Província e do Império. Dedicou toda a sua vida a servir aos colonos alemães que migraram para o Brasil a partir de 1824 e aos indígenas da nação dos Coroados.

Tomei a iniciativa de recuperar a extraordinária de vida de Alphonse Mabilde e, ao mesmo tempo, resgatar seu papel, por um lado, no aldeamento de indígenas selvagens e por outro, na fixação dos imigrantes alemães no Rio Grande do Sul no século XIX. Para a realização desse trabalho, utilizei como fontes seus documentos, relatos de outros viajantes, pesquisa historiográfica e bibliográfica e, também, memória familiar.  As eventuais lacunas temporais e espaciais foram preenchidas com informações sobre eventos históricos e descrições de costumes da época.

Alphonse Mabilde

Em 1833, Alphonse Mabilde, então com 26 anos, chegava ao Brasil fugindo da prisão iminente. Partira da Bélgica após ter protestado contra o regime monárquico e se recusado a prestar serviço militar, pouco depois da coroação do Príncipe Leopoldo I Saxe Coburgo. Na bagagem, trazia seu diploma de engenheiro pela Universidade de Liége para trabalhar no Novo Mundo, além da dúvida de se um dia retornaria à Bélgica.

Após 60 dias de viagem, chegou à baía do Rio de Janeiro. Com fluência em inglês, francês, italiano, alemão, holandês, flamengo e espanhol, não enfrentou dificuldade para se comunicar em português. Procurando por compatriotas residentes na cidade, soube que a firma belga Carrole & Forbes havia sido recentemente contratada pelo governo imperial para prestar serviços de engenharia no Sul do Brasil. Assim, após uma breve estadia no Rio de Janeiro, embarcou em direção à vila de Rio Grande, localizada na Província de Rio Grande de São Pedro do Sul.

Instalando-se na vila, começou imediatamente os trabalhos na “infernal” barra do Rio Grande. Fez mapeamento da planta hidrográfica e das mudanças graduais que as correntes marítimas, nas diferentes estações do ano, produziam na entrada da barra. Ao término de dois anos, entregou um minucioso relatório indicando as medidas que deveriam ser implementadas a fim de que fossem melhoradas as condições de navegabilidade naquelas águas. Nada obstante, em 1835, os revolucionários farroupilhas haviam tomado Porto Alegre, a capital da Província, tendo seu ex-presidente indo se refugiar em Rio Grande. Os planos de Mabilde foram interrompidos pelos eventos da Revolução, e ele decidiu se transferir para Porto Alegre ao final daquele ano.

Ao chegar, encontrou a cidade sob o domínio dos rebeldes farroupilhas e submetida aos ataques das forças imperiais, mas teve sorte conseguiu trabalho fazendo a liquidação de uma firma belga que encerrava suas atividades em função da guerra. 

Na capital para tratar de negócios, o belga conheceu Michael Ertel e sua esposa Barbara Gertrud Weissbarth, vindos de Pirmasens, Rheinland-Pfalz, na Alemanha. Eles possuíam um pequeno comércio nos arredores de Porto Alegre. Mabilde interessou-se por sua filha Anna Maria, jovem de 20 anos, nascida em 1824. Ao final de um curto noivado, casaram-se em maio de 1844. 

Considerando que as oportunidades de trabalho, na capital, estavam limitadas ao comércio, resolveram deixar a cidade. Como ele também dominava o idioma alemão, escolheram residir nas proximidades das colônias. Ainda na Bélgica, Mabilde já ouvira falar da iniciativa do império português em financiar a vinda de imigrantes europeus para o Brasil. Muito tempo depois, entendeu que a região Sul havia sido escolhida para ser povoada para garantia da posse do território, cobiçado e ameaçado pelos vizinhos castelhanos.

São Leopoldo

Esse primeiro núcleo de imigrantes foi nomeado “Colônia Alemã de São Leopoldo”, em homenagem à Imperatriz Leopoldina, a esposa austríaca de Dom Pedro I. A colônia ficava próxima à capital e apresentava-se como um mundo novo, cheio de oportunidades. Durante a Guerra dos Farrapos, ela garantira o suprimento de alimentos, transportados em barcas para Porto Alegre, já que a capital encontrava-se sitiada.

Para viajar de Porto Alegre à Colônia de São Leopoldo, havia duas opções de trajeto: por terra e pelo rio dos Sinos. No primeiro caso, percorriam-se oito léguas atravessando o rio Gravataí e, no segundo, a navegação estendia-se por quinze léguas, devido às muitas voltas e tortuosidades do rio. O casal fez a viagem pelo rio dos Sinos, a qual durou cerca de sete horas.

A Colônia ficava à beira do rio do Sinos, oculta sob densa floresta. Ao chegar, desembarcaram no lugar onde o rio oferecia um “passo”, isto é, onde, ele era raso o suficiente para ser atravessado a pé ou a cavalo. Não havia ponte conectando as duas margens do rio, e o tráfego entre elas era realizado por meio de uma barca, que transportava passageiros, carros e bestas de carga. Ali, no passo e nos pontos onde as picadas partiam às margens do rio dos Sinos, haviam se estabelecido as primeiras vendas. À medida que o arroteamento se afastava do rio, as vendas seguiam nas picadas, no meio da floresta.

A povoação de São Leopoldo desenvolvera-se associada ao crescimento do comércio simultâneo com as casas de Porto Alegre, interligadas pelas barcas que navegavam no rio dos Sinos. No povoado, à direita e à esquerda, bem como ao fundo, via-se um campo plano, que, durante a estação chuvosa, se transformava em brejo. Mais além da planície, divisavam-se cerros muito semelhantes entre si, cheios de matagal, que o povo chamava de “Dois Irmãos”.

Ao longo da margem, alinhavam-se mais de 200 casas de madeira e tijolo enfileiradas, a maioria delas térreas, de construção maciça, cobertas de telhas, umas em frente às outras, formando uma rua; todavia, a extensa rua, apesar das calçadas ao longo das casas, não tinha calçamento algum. Ao final da rua, encontrava-se um pequeno arraial conhecido como Neustadt (Cidade Nova). Os edifícios públicos limitavam-se a duas igrejas, uma católica e outra luterana, além de uma sala de baile, limpa e espaçosa. Havia ainda tendas, pulperias, salas de baile e capelas para culto no interior da colônia.

Com uma população de cerca de 3.000 almas, falava-se o dialeto renano, misturado com palavras em português. Muitos colonos eram também artesãos, desempenhando funções de pedreiros, cordoeiros, marceneiros, ferreiros, sapateiros, alfaiates, seleiros, funileiros e taberneiros. Outros alemães, possuindo mais capital, abriam estabelecimentos maiores como fábricas de chapéus,  de fósforo, curtumes, alambiques, serrarias, cervejarias, olarias e engenhos de farinha de trigo, mandioca e açúcar. Mesmo sendo um povoado de colonos, aquela parecia ser uma cidade industrial.

Apesar de a posse de escravos ser vetada aos colonos, segundo determinado por lei imperial, via-se, com frequência, a presença de negros vindos da África e escravizados para trabalhar nesses empreendimentos; ou seja, a proibição era ignorada. O primeiro código de postura de São Leopoldo, inclusive, trazia uma cláusula que proibia, aos senhores, castigar seus escravos após as 20 horas, no inverno, e após as 21 horas no verão, para não incomodarem a vizinhança com os barulhos.

Uma vez instalado na colônia, Mabilde manteve negócios com seu sogro, mediando negociações para compra dos produtos agrícolas para venda nas quitandas da capital. Inquieto, sempre que possível, aproveitava para embrenhar-se pelos sertões, entusiasmado com suas explorações sobre os recursos minerais e as plantas existentes na região. Tinha particular interesse em localizar uma árvore soberba, chamada de “mata-olho”, cujo suco leitoso, ao atingir a pele, ocasionava queimadura e inchaço e, ao alcançar os olhos, podia cegar.

Índios Coroados

Em meados de junho, quando em busca de exemplares de algumas plantas, Mabilde foi surpreendido por indígenas selvagens. Os cabelos pretos, finos, lisos, luzentes, muito abundantes, e o centro da cabeça calvo, formando uma coroa, não lhe deixaram dúvidas: tratava-se dos Coroados. Eles o cercaram e arrastaram até um local onde deveria ser seu acampamento ou alojamento. Derrubaram-no no chão e, de joelhos, foi postado na frente daquele que deveria ser seu líder.

Reunidos em torno de uma fogueira, os nativos passaram a assar pinhões, enquanto decidiam o destino do estrangeiro. Mabilde pensou que aquele seria seu fim, porém lembrou-se que portava uma luneta e entregou-a àquele que parecia ser o Cacique do grupo. Este tomou a luneta nas mãos e levou-a aos olhos. Imediatamente, gesticulando e gritando, demonstrou admiração e espanto, provavelmente impressionado por conseguir enxergar tão longe. Ficou contemplativo por poucos instantes, até que se mostrou satisfeito, enquanto a luneta passava de mão em mão.

Findo o rebuliço inicial, os indígenas foram se dispersando e, a um sinal do Cacique, conduziram Mabilde para o interior de uma espécie de choupana coberta por galhos e folhas. À entrada de choupana, deixaram no chão alguns pinhões e algumas frutas para sua alimentação. Respeitaram suas roupas e cabelos, o que, conforme o prisioneiro ouvira falar, não faziam com qualquer outro. Em geral, todos os capturados eram normalmente despidos e tinham os cabelos tosados e atirados ao fogo.

Muitos se revezavam na vigilância do confinamento de Mabilde, mas, pouco tempo depois, o Cacique determinou que um jovem, com 20 e poucos anos, fosse seu carcereiro permanente. A permissão para o cativo sair era concedida apenas para fazer as necessidades, mas sempre sob a supervisão do indígena. 

Mabilde teria convivido por mais de um ano entre os Coroados. Observou como eram dispostos os ranchos do alojamento, a composição daquela população em termos de sexos, a organização familiar e tribal dos nativos, seus hábitos alimentares e de caça, a forma como registravam o passar do tempo, a confecção de seus utensílios, o relacionamento com os demais povos indígenas e o modo como andavam pelas matas, valendo-se de especial método para despistar eventuais perseguidores. Chamou-lhe especial atenção o fato de os Coroados andarem sempre nus, independente da temperatura que fazia no local. Além disso, a prática de as mulheres poderem interromper a menstruação ao ingerirem certa beberagem, feita com folhas de um cipó, despertou-lhe uma curiosidade que acompanharia suas pesquisas por muitos anos. 

Aos poucos, Mabilde foi conquistando a confiança da tribo, em especial de seu carcereiro, Ucuity, sendo-lhe permitido andar pelas cercanias, quando coletava fibras vegetais, penas e peles de animais para fazer mantas e se abrigar do intenso frio. Por sua convivência constante com o jovem, aprendeu o idioma e passou a falar-lhe sobre a civilização. Ao final do inverno, Mabilde convenceu-o a ir até a cidade, o que foi aceito, impondo o jovem a exigência de que pudesse levar o filhote de onça que tinha por estimação. Assim foi feito e, na madrugada, fugiram Mabilde, Ucuity e o filhote de onça.

A chegada dos três a São Leopoldo causou verdadeira comoção. Há muito haviam desistido de procurar Mabilde e tomavam-no como morto, e a esposa Anna Maria já estava coberta de luto. Ela e toda a comunidade não conseguiam acreditar: não só como o marido se mantivera vivo entre os selvagens, como também como havia conseguido escapar do cativeiro.

Apesar do estranhamento e curiosidade causados na colônia, o jovem Coroado não teve dificuldade em aderir ao novo ambiente. Com alguma relutância, Anna Maria aceitou hospedá-lo, e a onça foi mantida presa no pátio da casa.

Um dia, quando Ucuity trazia da cozinha uma sopeira, o felino levantou as patas traseiras para ver o que havia nela e, provavelmente, bateu com a pata na sopeira, derramando a sopa quente sobre seu focinho. Urrando de dor e enraivecido, atacou Ucuity, mordendo-o na garganta. O casal correu ao ouvir seus gritos, mas, quando chegou, não havia mais o que fazer; o jovem já não respirava. Desesperado, Mabilde atingiu a fera com vários tiros, mas manteve tristeza e remorso incomensuráveis. Anna Maria, muito abalada, ficou doente e acabou falecendo logo após. 

Devastado e por algum tempo sem rumo, Mabilde voltou a percorrer os campos e matas. Pretendia recolher exemplares da valiosa e diversificada flora existente na Província, tendo interesse especial nas plantas medicinais e venenosas, tão pouco ainda estudadas ou descritas. Planejava também fazer estudos de solo, com o objetivo de, eventualmente, descobrir possíveis jazidas minerais de ferro, cobre ou o que fosse.

Engenheiro Mabilde

Enquanto isso, em 1845, a Província celebrava o final da Revolução Farroupilha. São Leopoldo, tornara-se o centro de toda a vida colonial, sendo elevada à categoria de vila. De todos os pontos da colônia, bestas para lá transportavam a produção colonial agrícola e os produtos manufaturados por curtumes, selarias e moinhos de farinha. Lanchões abarrotados de mercadorias, tais como sapatos, chapéus e cervejas, desciam o rio dos Sinos, levando-as para Porto Alegre. Esse ativíssimo tráfego para a capital fazia refluir o dinheiro para as colônias.

Começou, naquele momento, uma nova fase na capital e nas colônias. Edificações de novas casas, escolas e igrejas católicas e protestantes sobejavam. Falava-se que seria reativada a vinda de novos imigrantes e que as responsabilidades pela colonização seriam transferidas do governo imperial para o governo provincial. Essas notícias animaram Mabilde, pois, se essas medidas fossem tomadas, certamente trariam mais oportunidades de trabalho.

Quando do início da colonização, em 1824, o governo imperial, apesar de nem sempre cumprir o prometido, fornecia, aos imigrantes, passagem de navio e concessão gratuita de um lote de terra, além subsídios em dinheiro e em materiais. O governo também emprestava mulas e cavalos para o transporte das colheitas, mas, com a valorização dos cavalos e a demanda por eles em função do conflito com os farroupilhas, os alemães foram obrigados a adquirir seus próprios animais. Ouviam-se muitos relatos sobre colonos vivendo os primeiros anos na miséria. Alguns imigrantes também foram trazidos para o povoamento de colônias privadas, como foi o caso da Colônia de Santa Maria do Mundo Novo e da Colônia Padre Eterno.

As condições geográficas e econômicas não permitiram que os recém-chegados conservassem a alimentação de origem, o trigo, o centeio, a batata-inglesa, os legumes verdes e a carne de porco, pois, nessa época, eles não existiam na Província. Os imigrantes aprenderam a cultivar e a consumir o milho, a mandioca e a batata-doce, legumes locais como a abóbora e o chuchu, o feijão-preto e o arroz, e a utilizar o charque. Apesar do desgosto que sentiam, tiveram de adotar a alimentação local: era uma questão de vida ou de morte. Sem cerveja nem vinho, as opções de bebidas, assim como para os luso-brasileiros, eram a água pura ou a aguardente.

A situação dos colonos que chegaram em 1844, quando a Província ainda estava em guerra, foi muito mais penosa, pois o governo estava, naquele momento, bastante desorganizado para recebê-los. Faltava demarcar as terras, e os auxílios em dinheiro, materiais e animais não estavam disponíveis. Não podendo contar com outras terras, a não ser as que estavam situadas na serra, os colonos ficavam entregues à própria sorte. Muitos deles partiram em busca de novas áreas, saindo da vila de São Leopoldo rumo ao norte, espalhando-se pelas margens do rio Santa Maria.

Mesmo com todas as dificuldades, inclusive com a redução e até a cobrança dos lotes doados, os imigrantes começaram a chegar em grande quantidade. Com esse novo impulso em direção ao progresso e à civilização, o belga, finalmente, tomou a decisão de se naturalizar brasileiro, simplificando seu longo nome europeu para Alphonse Mabilde. Alguns meses depois, no início de 1848, recebeu a correspondência do Sr. Hillebrand, Diretor-Geral das Colônias em São Leopoldo, comunicando-lhe a nomeação para Engenheiro das medições das colônias. Finalmente, Mabilde poderia trabalhar como engenheiro no Brasil.

Naquele momento, decidiu casar-se novamente e constituir família. Nunca deixara de frequentar, mesmo que eventualmente, a casa de seu sogro, onde passara a ter relações cordiais com sua ex-cunhada, irmã da falecida esposa. Maria Luiza, então com 30 anos, um pouco mais velha que sua irmã,  era natural de Oberwesel. Mabilde passou a cortejá-la e, após um rápido noivado, casaram-se em 1848. 

Maria Luiza, seguindo o costume que viera da Alemanha, casou-se usando vestido preto. As  noivas se casavam com seu melhor vestido, geralmente preto, porque não era tão caro e não sujava muito, podendo ser usado também nos funerais. Algum tempo depois, muitas das noivas, principalmente as de família mais abastada, começaram a casar com vestidos feitos especialmente para a cerimônia, de cor mais clara e até brancos, possivelmente por influência dos casamentos católicos. 

O trabalho de medição dos lotes na colônia não foi uma tarefa simples para Mabilde. Quando haviam chegado os primeiros colonos, a administração imperial limitara-se a indicar, sumariamente, seus lotes de terra e a muni-los de papéis em que a largura e o fundo eram fixados, sem examinar se os terrenos dados aos colonos existiam, na realidade, exatamente conforme registrado nos papéis. Esse processo da administração ocasionou disputas entre os colonos e entre as diferentes picadas, exigindo, inclusive, a intervenção do Ministro Plenipotenciário da Prússia no Rio de Janeiro.

Somou-se a isso o fato de que a obtenção de uma parcela de terra nem sempre causou, euforia, sobretudo no começo da colonização. Ao desânimo diante da floresta a se desbravar, sucedia a satisfação diante da abundância das primeiras colheitas, mas sobrevinha a desilusão motivada pela insignificância de seu valor comercial. Por isso, alguns colonos abandonaram suas terras e fugiram para as cidades.

Pronto para servir à Província, Mabilde organizou, em casa, um gabinete de trabalho que logo se transformou em um pequeno museu. Há alguns anos, vinha catalogando as pedras, plantas e outros materiais que recolhia durante suas excursões. Como seu trabalho seria principalmente a medição das novas terras destinadas aos colonos, distribuídos em picadas e as picadas em lotes, recebeu, do Arquivo Provincial, um Teodolito de Tronghton para, imediatamente, começar os trabalhos para os quais fora contratado.

Capa dos manuscritos compostos de 64 notas sobre os indígenas Coroados
Cópia do Ofício, original encontra-se no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul


Karen Bruck é socióloga. 

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